Histórico de José Alpoim

Histórico de nosso Patrono
Brigadeiro José Alpoim

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Este documento é o registro histórico de nossa escola que conta sobre a vida do patrono José Alpoim.


Discurso de inauguração da E.M. José Alpoim em 18/6/1964[1]


O Governo do Estado da Guanabara e o povo do Rio de Janeiro deviam esta homenagem ao Brigadeiro José Fernandes Alpoim. Entre tantos nomes ilustres ou distintos escolhidos para patrono das novas e beneméritas escolas estaduais, nenhum talvez tenha merecido este tributo de reconhecimento como o notável engenheiro arquiteto, urbanista e escritor, cuja lembrança ficou associada a este estabelecimento de ensino.

Não será exagerado dizer-se ter sido ele quem mais contribuiu para dar ao Rio aspecto mais condigno de cidade. Embora possuindo semelhante título desde sua fundação, o povoado precário e pobre que aqui se formou e evoluiu, não superava ainda dois séculos depois da morte do fundador Estácio de Sá, as vilas mais populosas criadas ao longo do litoral e no interior do Brasil, se não pela beleza da paisagem.

As obras de arquitetura de maior vulto - o Convento da Igreja do Santo Antônio, a Sá Velha, o Colégio e Igreja dos Jesuítas, o Mosteiro e Igreja de São Bento – situam-se no alto das colinas, com exceção do templo e residência dos Carmelitas. Na área urbanizada entre o mar, os morros, os riachos e as lagoas os arruamentos e o casario se apertavam constrangidos sem que as edificações melhores conseguissem se destacar.

Foi o engenheiro arquiteto Alpoim que dotou o Rio de janeiro de logradouro publico com amplitude e imponência cidadinos, o Largo, o terreno do Carmo, hoje Praça XV de Novembro.

A ele, a cidade deveu uma série de construções civis e religiosas de grande categoria que quase balizaram o lucro urbano setecentista – a residência dos Governadores, depois Paço Real Imperial, hoje sede do Departamento de Correios e Telégrafos, e o sobrado de Teles, formando composição em esquadro, na mesma praça fronteira ao Cais. A Igreja de Nossa Senhora da Boa Morte, com a nobre frontaria no trecho que hoje é a rua do Rosário faz esquina com a Avenida Rio Branco, a ambiciosa Nova, que não chegou a ser terminada e cedeu lugar a atual Escola de Engenharia, no Largo do São Francisco, o belo Convento de Barbons, em má hora demolido, a altura do que presentemente fica situado o Quartel de Polícia Militar, na rua denominada Evaristo da Veiga; a massa extensa severa do Convento da Ajuda, também sacrificado, nos terrenos agora ocupados pela chamada Cinelândia. Igualmente, de sua autoria, com toda a probabilidade, o Convento de Nossa Senhora do Desterro, no alto de Santa Teresa, e talvez ainda, a valiosa residência episcopal, no Catumbi, recentemente, deturpada e reduzida a dependência do edifício vulgar do Seminário São José.

Sem dúvida, quase que assinalando os pontos cruciais do lucro urbano do Rio de Janeiro, nos meados do século XVIII, o Brigadeiro Alpoim deixou a marca possante de sua personalidade em monumentos arquitetônicos memoráveis.

Ele tinha nascido em 14 de julho do ano de 1700, na Vila de Viana, em Portugal. Em 1738, foi feito mestre das aulas de artilharia e uso de fogos artificiais, que então se criaram aqui. Escreveu dois livros importantes,um,intitulado Exame de Artilheiros publicado em 1744, outro, Exame de Bombeiros, impressos em 1748, obras estas, muito apreciadas e de grande utilidade na época.

Temos, pois reconhecer-lhe a prioridade no magistério técnico superior e na autoria de livros didáticos no Rio de Janeiro prioridade esta, que por si só justificaria a homenagem rendida à sua memória.

Ligado estreitamente ao Governador o Sargento Mor de Batalha Gomes Freire de Andrade Conde de Bobadella, de quem foi colaborador de confiança, acompanhou a Capitania de Minas Gerais, onde traçou o Palácio Fortificado dos Governadores, que ainda hoje se admira na elevação da Praça principal de Ouro Preto, delineou um novo traçado urbanístico de Mariana, quando a Vila do Ribeirão do Carmo foi erigida em cidade e sede do bispado.

Além disto, realizou outros trabalhos consideráveis de sua profissão naquela capitania; mais tarde ainda ,como assistente de Gomes Freire, labutou longamente na demarcação das fronteiras meridionais do Brasil, em cumprimento às cláusulas do Tratado Hispano - Português de 1750.

Ao Rio de Janeiro, entretanto, foi onde dedicou suas melhores aptidões e aqui prestou seus melhores serviços.

Quando morreu, em 1 de janeiro de 1763, o insigne Governador, que foi Gomes Freire, homem público exemplar, o Brigadeiro José Fernandes Pinto Alpoim assumiu, com o Bispo D. Frei Antônio do Desterro e Chanceler da Relação,Alberto Castelo Branco, o Governo interino das Capitanias de São Paulo e Minas Gerais, até a chegada do Vice – Rei Conde da Cunha, quando a capital da colônia se transferiu da Bahia para a Guanabara.

Dois anos apenas Alpoim sobreviveu ao seu grande Chefe, pois extinguiu-se, aqui, no dia 7 de janeiro de 1765, e foi sepultado junto ao túmulo do Conde de Bobadela, na Igreja do Convento de Santa Teresa.

Que a memória do varão ilustre, escolhido para patrono desta escola, inspire aqui mestres e discípulos, a fim de que procurem servir a cidade e o país, com o zelo e a nobreza posta por ele a serviço do Rio de Janeiro e do Brasil.




[1] Transcrito do original.



Além dele, trazemos o registro fotográfico de uma ex-aluna, que hoje trabalha na escola.


Para saber mais sobre José Alpoim

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